A torcida do Palmeiras tem se destacado por fazer festas que estão entrando pra história e nas quartas de final da Libertadores Obsessão 2022, a busca do Tetra, Atlético Mineiro 2x2 Palmeiras, foi mais uma etapa dessa aula de arquibancada. E o mais incrível disso tudo, pude viver isso, estar lá.
Não estaria, nem eu, nem meu filho Evandro, se não fosse duas pessoas que "abriram mão", por nós.
Explico, desde o começo do planejamento do rolê, que o nosso bonde eram 4 pessoas, EU (Buzo), o Evandro e os amigos, também pai e filho, Felipe Bianchi (filho) que mora em São Paulo e seu pai, Silvio Martins de São Carlos-SP.
Todo mundo que acompanha futebol sabe, dos 1.800 lugares destinados a nós, esgotou a venda em 2 minutos e alguns como nós, deu erro ao tentar e esgotado na sequência, a gente estava super a fim de ir, mas não ia rolar, porque não compramos. Ai o Felipe disse que tinha conseguido pegar o dele e do pai. Fiquei feliz por eles, até ele me mandar mensagem: - Estava falando com meu pai, vocês precisam ir, eu já fui no Mineirão e vocês estavam tão a fim.
- Que isso mano, não precisa, vai lá e torce por nós.
Ele insistiu que abriam mão e pegamos os ingressos deles, responsáveis por termos vivido isso tudo que vou narrar abaixo, no lugar deles, essa crônica é uma homenagem a eles. Vocês são de verdade.
Estávamos no grupo da Caravana da Verdão Label e muita gente lá, eram mais de 100, vários desistiram por falta de ingresso.
Nós confirmamos presença, foi um ônibus, com um pessoal super de boa e torcedores experientes em serem forasteiros, já foram pra Montevideo, Assunção. De boa, legal, o rolê todo foi tranquilo, agradável, o ônibus de 2 andar era top.
Na saída, de um estacionamento em algum lugar de São Paulo, onde quem estava de carro como eu, pode deixar lá até a volta.
A Saída foi 0h00, meia noite de terça pra quarta, pra chegar lá de manhã, a notícia na saída era o rival perdendo pro Flamengo em casa de 2x0, na mesma fase da Liberta, em bares ao redor de nossa saída, alguns torcedores viam a partida.
Sabe como é ida né, rolou samba com instrumentos, cantoria de músicas de torcida, umas boas 3, 4 horas. Muita cerveja.
E bebo todas que vier, não só na música.
Lalas, amigo e referência de torcedor forasteiros pra mim, estava na mesma caravana que nós.
Trombei o SERGIO MONTANARI já no estádio, outro forasteiro nato e amigo.
Primeira parada, por volta das 9h30 da manhã, sede da Torcida Galoucura do Galo, torcida co-irmã. Parte da nossa turma desceu lá, pra passar o dia, a recepção dos cara é mil grau, rola até churrasco. Pra lá vão as caravanas das organizadas do Palmeiras. Como quem ficasse lá, ficaria sem ônibus, preferi ir com a parte que foi direto pro entorno do Mineirão. Descemos na Galoucura, ficamos um pouco e partimos.
Colei com um grupo de amigos, conhecia alguns deles, mas fechou o bonde, colou depois o amigo Batista, esse eu conheço da Caraíbas. Eles já estavam com um cooler cheio, comprei um fardinho e um gelo pra fortalecer, o dia todo nosso rolê foi esvazia cooler, enche cooler, esvazia cooler novamente, até a hora do jogo, paramos no BAR DO PEIXE, "em frete" o Mineirão, área de concentração da torcida do Atlético, mas nos jogos com o Galo, lá e cá, é todo mundo junto e misturado. Chegamos quando não tinha quase ninguém, além da preparação, os camelôs que foram surgindo, vimos e vivemos tudo isso.
Mas o Bar do Peixe era mais que isso, lá era o almoço, TROPEIRO GRANDE R$ 20,00 e Pequeno R$ 15,00. Todo mundo comeu, eu chamei um pequeno (sou gordo de ruindade), meu filho um grande. Sensacional, comida tradicional mineira, tudo fresquinho, vem o Tutu de feijão com arroz, couve, ovo, linguiça, bisteca e torresmo. Que almoço.
Lá em Minas vende tropeiro durante a partida, dentro do estádio, também é bom, não comi mais vi pessoas comendo, mas o do Bar do Peixe, com atendimento da hora do Fabiano, foi melhor e alimentou o dia todo, final de tarde rola lá um churrasco gormet, medalhão (frango com bacon) e bolinho carne moída com queijo dentro. Foi o jantar.
Bebemos desde quando o bar e a rua estavam vazias, até lotar de atléticano, clima zero hostilidade, todo mundo junto.
Muito palmeirense, o batuque que surgiu, um pessoal da Mancha ZS, puxou os coro de músicas nossas, o tempo todo, além da música da parceria: - União sinistra, que ninguém segura, Mancha Verde, Galoucura. Música essa entoada, de fora e depois dentro do Mineirão.
Já conhecia Belo Horizonte de outros carnavais, já fui umas 3 vezes pela cultura, eventos do Hip Hop e uma vez em 2016, na campanha do ENEA Brasileiro, mas foi no Estádio independência (1x1, gol do Gabriel Jesus). Agora o palco era o gigante Mineirão, com 56 mil atléticanos e 1.800 forasteiros, entre eles vários conhecidos, amigos do Pod Porco, IG, Rodrigo Alonso, o Santoro que nem vi, assistiu na torcida do galo (muitos sem ingressos fizeram isso), poderia fazer uma lista. Só de presidente da Mancha, encontrei dois, não vi o atual (sei que estava lá), o Jorge, mas trombei o Paulo Serdan, uma lenda das arquibancadas, e o ex- André Guerra, presidente na Pandemia, quando a Mancha Torcida e Carvaval juntas ajudaram muita gente com milhares de cestas básicas, distribuídas em várias periferias, trombei o Marcelo, presidente da TUP, outra figurinha, Pepe Reale, meu parceiro e vou esquecer muitos que vi de longe ou falei, mas parecia que tinha uma 4 mil pessoas de verde, na concentração tinha muitos, várias mina.
Era só o começo, o histórico ainda estava por vir.
Mineirão, lado de dentro, antes da bola rolar e já começou a cantoria, os 1.800 gritaram alto, a bateria representou e o chiqueiro forasteiro estava em festa, por lá estava também o Rodrigo Barneschi, que escreveu Forasteiros, um livro aula de torcedor visitante, Basneschi que foi mais de 1.000 jogos, em diversos estados e países, infelizmente não o vi.
Ontem foi exatamente isso, uma Aula de Arquibancada.
Diversos momentos calamos os mais de 56 mil torcedores da casa.
Cantamos quando começou, quando estava 0x0, quando saiu o primeiro gol deles, quando saiu o segundo gol deles no início do segundo tempo, um 2x0 horrível, difícil de reverter na volta, os cara cantou "GALO" bem ALTO, mas quando perceberam, nós não paramos de cantar, nem com o baque dos 2x0 aos 2 min. da segunda etapa, cantamos quando diminuímos a diferença pra 2x1 e mais ainda com o gol já nos acréscimos, um empate com gosto de vitória, acaba a partida, cantamos mais 30 minutos, como se todos ali presentes, os 1.800 ou mais, já que um monte de gente comprou no lado do Galo, no setor ao lado e foram liberados, pra passarem pra nosso lado, sabiam o alucinante foi a festa e não queria que acabasse.
A comemoração no final foi de quem já sabia que tinha vivido um jogo histórico, não só por ser mais uma quartas de final da Libertadores, uma vaga pra semifinal em jogo, mas pelo que foi a torcida, os 90 minutos. Um cara que não conheço falou: - Se o Allianz fosse inteiro assim, seríamos imbatíveis.
Entra fácil no meu Top 3 de jogos que arrepiou, que agradeço aos deuses do futebol por ter tido a oportunidade de ter vivido.
Nada disso teria acontecido, se não fosse os amigos Felipe Bianchi e Silvio Martins. De novo obrigado.
Alessandro Buzo
escritor, cineasta e torcedor.
Twitter: @BuzoSEP
www.buzosep.blogspot.com
Autor do livro "Torcida Que Canta e Vibra".
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